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04 July 2019 Written by 

Dia de vir a correr do emprego para casa

Está cientificamente provado que às vezes tenho ideias parvas. Por ciência entenda-se Ana Valente. No momento não percebi se a ideia formalizar o Dia de Vir a Correr do Emprego para Casa se enquadrava na categoria, mas há vontades que valem a pena ser testadas. Não consigo precisar o instante da inspiração, mas creio que foi quando pensamos em ir morar para a praia de Esmoriz, sobretudo pela excelente paisagem litoral. Como os cerca de 30 km que vão desde o centro do Porto até casa ainda exigem alguma preparação, a ideia foi envelhecendo nas barricas celebrais. A proximidade da participação na prova Ultra Trail Douro Paiva acabou por espevitar a oportunidade, mas o impulso final creio ter sido uma carta de agradecimento enviada por uma criança a contas com um problema de saúde que foi apoiada pela ação social da i2S, na qual contava que imaginava o melhor dia da sua vida a correr à beira mar, num dia cheio de sol. Ser feliz na simplicidade é uma arte que muitas vezes nos escapa por entre os ritos da modernidade.

A corrida ficou marcada para a última terça-feira antes da prova. No final do dia de trabalho equipei-me e sai desvairado pela rua do Zambeze. Lembrei-me quase de imediato porque não gostava de correr naquele ambiente citadino, sobretudo pelo trânsito de pessoas e veículos, assim como pelas sucessivas paragens em semáforos e cruzamentos. Atravessei a rotunda da Boavista e prossegui em direção à ponte da Arrábida. Estava com alguma dúvidas se conseguiria acertar com a entrada pedonal, mas correu tudo bem. A vista desde o tabuleiro da ponte é realmente fantástica! Já em Gaia, desci logo depois da ponte e cheguei à marginal, seguindo para a Afurada. Passei pela festa na rua de relance e foi acompanhando o Douro até à foz. Depois, fez-se o Atlântico, enorme, vasto e com muita praia para galgar.

Os passadiços e as ciclovias iam-se sucedendo em catadupa. O sol empoleirado no horizonte ia servindo de companhia e GPS. Em alguns locais ia fazendo paragens cirúrgicas para captar uma foto ou hidratar um pouco. Cheguei sem problemas ao Senhor da Pedra ao quilómetro 15 km e viagem ia a meio. Aproveitei para comer uma barra e tomar um banho de chuveiro. Em algumas partes, o passadiço já está um pouco maltratado e a corrida é mais difícil, sobretudo pela cedência da madeira ao colocar o pé, o que acaba por testar mais os joelhos. Mas correndo sobre pelas tábuas sobre os barrotes o efeito acaba por ser minimizado.

À passagem por Espinho o cansaço já se ia acumulando. Valeu ter entrado depois naquela que para mim é a zona mais bonita de praia na região, entre Espinho e Esmoriz. Como o sol ia baixando no horizonte a luz tornava a paisagem ainda mais bonita. Assim, a hora mágica da fotografia ia servindo de desculpa para mais algumas paragens de descanso e registo de momentos. Chegado à Barrinha, aproveitei um fantástico e bem suado quase-pôr-do-sol, passei a ponte de madeira sobre o manto de água sereno e convenci-me que o corpo ainda aguentava um pequeno desvio. Mas, chegado ao final, percebi que já não daria para muito mais. Os 30 km fizeram-se em cerca de 3 horas e eu fiz-me ao merecido descanso. Espero repetir o ritual nos anos vindouros. No final, o corpo ficou a queixar-se da ideia, mas a cabeça adorou. Mas, como em muitas outras ocasiões, amanhã deverão concordar. Afinal, devemos sempre seguir as ideias que fazem de nós quem somos, ainda que as ciências deste mundo indiquem o contrário!

 

  

 

Artigo publicado em cruzilhadas.pt

 



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