Foi na companhia de uns amigos, daqueles que fazem jus à nobreza do sentimento que deambula pelas fronteiras do amor, e que não deixam suspeição quando nos dão palmadinhas nas costas, que numa volta airosa de BTT me deixei envolver pelas veredas frondosamente verdes que dão forma a todo aquele cenário.
Nessa época e apesar de já possuir um gps, apenas o utilizava para não me perder e registar os trilhos que descobria, e não para procurar os recetáculos que hoje são a razão de relatos como este.
Este amontoado de emoções, levou-me a abrir o sítio virtual onde estão expostos, em jeito de prateleira de um hipermercado, os tesouros que ainda me faltavam visitar. Após selecionar o destino desejado, encontrei logo este, que apesar de ter o seu nome explícito em língua de contramão, serve o mesmo propósito do bem conhecido provérbio tuga “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura!”.
Olhando para a informação disponível na página, concluí de imediato que esta geocache seria uma das pedras basilares desta atividade.
Após verificar que recentemente o seu atual progenitor a tinha acarinhado com a sua visita, suspeitei que estaria ali um tesouro bem preservado, daqueles que irradiam positivismo à distância, e que independentemente da energia que iria despender para calcorrear a íngreme encosta, no final o saldo de emoções seria certamente positivo.
“De amanhã não passa!” – Assim me fui deitar, com a vontade preenchida pela necessidade de matar saudades da Fórnea.
No outro dia, bem cedinho, preparei os apetrechos necessário e, num ápice, após o pequeno-almoço parti com o destino bem definido.
Em jeito de cumprimento, fiz a vénia respetiva ao painel que identifica o percurso pedestre e iniciei a caminhada. Ainda tive esperanças de escutar o cantarolar que o precioso líquido costuma entoar ao longo do leito do ribeiro após as abundantes chuvadas, mas apenas o piar envergonhado de algumas aves quebrava o frio silêncio.
Ao abrigo de um esplendoroso azul celeste, o caminho ia-se desenrolando por entre a paisagem nada monótona, ladeada pelas encostas oblíquas que o tempo esculpiu.
Mais à frente, vislumbrei o local onde a água costuma render-se à força gravítica que o planeta exerce sobre os corpos. Ali, apenas a seca cor esverdeada do musgo cobria a nua rocha do desnivelado degrau.
Mais à frente iniciei a navegação e fui seguindo o bem demarcado trilho. Após alguns minutos cheguei à Cova da Velha. Ali perto iniciei as buscas, que rapidamente revelaram o esconderijo.
Um raio de satisfação invadiu-me o espírito, e se ali tivesse um espelho poderia ter contemplado o ar de satisfação estampado na minha face. Na minha posse, estava o representante saudável de um verdadeiro tesouro com mais de uma década de existência. Para mim foi um enorme orgulho tê-lo descoberto e registado o meu nome no valioso livro de visitas. Só por isso já tinha valido a pena a aventura.
Depois foi o regresso pelo mesmo caminho, de alma cheia e com direito a um queijinho seco e uma ginjinha no café da Francelina.
O meu sincero obrigado ao owner por esta magnífica cache.
OPC – TFTC
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