Sejam muito bem-vindos à quadragésima quinta edição da Azores Logbook, a publicação mensal que irá relatar tudo o que se passou em termos de Geocaching, nos Açores, em maio de 2021.
Neste mês de maio, o Geocaching comemora o seu 21º aniversário. Assim, relembraremos como tudo começou no longínquo ano de 2000, bem como faremos referência ao souvenir digital que assinala esta efeméride.
Depois, o geocacher Sahlinabac conta-nos como foi a sua passagem pela Ilha Terceira em mais uma rubrica "De Viagem às Ilhas de Bruma".
Terminaremos a Azores Logbook com todas as caches publicadas em maio, nos Açores.
Votos de uma excelente leitura.
Bárbara Sousa (BaSousa), Henrique Bulcão (Wessel1985), Luís Serpa (luis serpa), Pedro e Susana Silva (ordep_81) e Ricardo Brasil (Spicozo)
A 2 de maio de 2000, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos decidiu desativar o Selective Availability (SA, disponibilidade seletiva do sinal), uma distorção artificial do sinal dos satélites que provocava uma margem de erro significativa e impedia assim a utilização do sinal GPS por “forças inimigas”. A partir do momento da desativação do SA, 24 satélites passaram a emitir sinal preciso para todos os receptores de GPS.
O Geocaching teve início a 3 de maio de 2000, no Estado norte-americano do Oregon, quando Dave Ulmer decidiu testar a precisão do sinal. Escondeu então um balde preto com alguns prémios (livros, vídeos, entre outros), um pequeno livro (logbook) e um lápis, registou as suas coordenadas, divulgou-as numa comunidade online (sci.geo.satellite-nav) e desafiou algumas pessoas a irem à sua procura.
Aparecia assim a primeira cache!
Em 2021, o geocaching faz 21 anos e, como habitualmente, a Geocaching HQ preparou um souvenir digital para quem registasse uma cache no dia 2 maio. No entanto e devido à pandemia, o souvenir fica disponível até ao final deste ano, não sendo obrigatório que o registo tenha que ser feito naquele dia. Para mais informações, consulte o seguinte link.
Em período de pandemia, há que escolher além de locais que nos deixam indubitavelmente com a alma cheia, destinos seguros, pelo que nesta minha terceira viagem do ano de 2021, voltei a preferir a Ilha Terceira.
Aos Açores não se aplica aquela máxima de não voltar a um sítio onde foste uma vez feliz, pois um regresso arriscaria a escrever a qualquer uma das nove ilhas do arquipélago verde, apesar de só conhecer até ao momento duas delas, é sempre uma experiência inolvidável que nos faz sentir acarinhados pela simpatia dos insulares e entrar numa máquina do tempo, onde recuas umas décadas apreciando como a vida fluía sem ser necessária a tecnologia que atualmente domina as nossas vidas.
Dito isto, não significa que da minha parte haja um pensamento retrógrado, mas tão simplesmente o observar e refletir que é possível a comunhão entre o passado recente com alguns laivos de modernidade.
E acrescentaria, em género de dissertação, apesar de poder parecer um pouco descabido, que a ilha Terceira faz-me lembrar o meu Alentejo, pelas noites agradáveis e cálidas, pelo seu casario organizado e pintado de branco com ombreiras em tons vivos, pela cultura das ganadarias e pela placidez que ecoa na parte mais interior da ilha.
Claro que há diferenças significativas e muitas, nomeadamente as da génese vulcânica da própria ilha que em muito evidenciam a beleza natural, como as antigas crateras, os domos, as grutas (algares e tubos lávicos), a rocha negra basáltica que está presente não só como material de construção na arquitetura terceirense, mas também na divisão dos cerrados, que são autênticas mantas de retalhos de perder de vista, e ainda a presença desta mesma pedra escura a entrar literalmente no azul oceânico. No entanto, há mais, como os caminhos ocres avermelhados de bagacina, que acabam por ser autênticas alamedas, quando rodeados de esbeltas e altivas criptomérias (Cryptomeria japonica).
Nesta ilha, há locais que não podem escapar ao geoturista, destaco sem ordem de preferência ou importância, bem como sem qualquer sequência geográfica, alguns que me ocorrem de imediato como o Monte Brasil, o Centro histórico e patrimonial de Angra do Heroísmo, o Alto da Memória, o Jardim Duque da Terceira, os miradouros das Serras do Cume, da Ribeirinha e de Santa Bárbara, o Algar do Carvão, a Gruta do Natal, as Piscinas Naturais dos Biscoitos, um passeio náutico ao Ilhéu das Cabras (não realizei ainda, mas tem que ser para a próxima visita), o Miradouro do Facho e por fim um passeio pela segunda cidade da ilha que é a Praia da Vitória.
Ao percorrer-se a ilha, é fácil encontrarmos outras particularidades, como locais com vistas fantásticas onde se pode descansar e também merendar, conhecidos como zonas de lazer ou merendários, do ponto de vista religioso, os Impérios do Divino Espírito Santo como uma traça ímpar e sublime, assim como não podia deixar de ser memoriais singelos que nos apelam profundamente à reflexão sobre as desgraças resultantes de sismos, que assolaram e devastaram, por vezes, praticamente localidades inteiras. Nesta lista extensa, ainda consigo acrescentar as lagoas que polvilham a ilha e que mostram o seu esplendor em locais por vezes algo escondidos, assim como as relheiras, essas sim traços de um passado, como atrás referi, sulcados no rígido solo demonstrando bem a tenacidade e a dureza dos terceirenses.
Para aqueles, como é o meu caso, onde só o conforto emocional não é suficiente, ficam também algumas dicas gastronómicas para saborear e repetir se possível. Se és daqueles como diz o velho ditado “que peixe não puxa carroça”, então fica-te por uma esplêndida alcatra regional, acompanhada de um vinho tinto da ilha do Pico com terroir vulcânico, ou então, um bom bife do lombo, do acém ou da vazia. No entanto, numa terra rodeada por água, não deves deixar de experimentar uma entrada de lapas ou cracas, seguida de um peixe grelhado, como o boca negra, mas agora sugeria um vinho verdelho para acompanhar. Para sobremesa, um bom queijo da ilha, e aqui começa a verdadeira indecisão na escolha, se da própria Terceira ou da vizinha São Jorge ou mesmo um outro menos conhecido de outra ilha (Pico, Faial e Corvo). Mas, se a ideia for mesmo adoçar e refrescar o palato, sugiro um cremoso e nutritivo gelado dos Açores.
Entusiasmado que estava com a oportunidade que o ordep_81 me deu, esqueci-me por completo que isto era um artigo para a GeoPT, pelo que convinha escrever qualquer coisa sobre caches. Bom, como isto já vai extenso, os vocábulos começam a escassear e acreditando que são geocachers competentes, só posso finalizar fazendo um mea-culpa, que as caches, essas podem consultar facilmente no mapa, mas fazendo um óbvio filtro pelas mais favoritadas.
Saúde, boas cachadas e umas ótimas férias.
José Cabanilhas (Sahlinabac)
Para a execução desta edição da Azores Logbook, contámos com a colaboração do geocacher Sahlinabac. O nosso obrigado.
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