Não raras vezes surgem nos logs fotografias que marcam a diferença, pelo sujeito, enquadramento, pela cor ou textura, ou simplesmente porque nos contam uma "história" para além da palavra escrita. Com esta rubrica pretendemos desvendar a história por detrás da imagem e o contexto que lhe deu vida.
E com esta foto de hoje, publicada primeiro aqui, ficamos a par do site. A periodicidade desta série paralela de fotos com histórias dentro será dependente da inspiração do António para as divulgar.
Ruta del Cares
De férias no Parque Nacional Picos de Europa [Espanha], logo no primeiro dia de descobertas (06/08/14) resolvemos ir percorrer a famosa Ruta del Cares. E agora, ao escrever este registo, entre o sossego de grandes recordações, fico com a sensação de que tudo o que possa dizer é insuficiente. Talvez o tempo apure estas palavras. Chegámos a Poncebos carregados de expetativas e fizemo-nos ao caminho. À nossa volta, os picos erguiam-se, senhores de toda a vida que por ali passa. Sabíamos que iríamos encontrar muita gente no percurso mas não imaginámos que fossem tantos caminhantes. É que não se podia tirar uma foto sem que aparecesse alguém no caminho!
O percurso linear da Ruta del Cares realiza-se em 12 quilómetros de grandes vistas, entre as aldeias de Poncebos e Caín, e acompanha o percurso do Rio Cares. O que torna este percurso mítico, para além da paisagem fascinante, é o facto de acompanhar um túnel, sensivelmente com a mesma distância e maioritariamente aberto na rocha, para aproveitamento hidroelétrico. No percurso também existem alguns túneis, pontes, passagens vertiginosas e muitas sensações a algumas centenas de metros de altura. Sensivelmente a meio do percurso é possível descer ao rio Cares, passando por uma lagoa de água gélida e subir depois o íngreme trilho que leva ao prado mágico que é visível na imagem.
Subi a encosta em modo acelerado e fui até ao topo do prado. Olhei para trás e tive uma enorme sensação de pequenez. É impressionante a quanto estas montanhas nos reduzem! Visitei depois as ruínas de uma pequena cabana e ainda encontrei dois burros que por ali pastavam a solidão. Depois de registar tudo para memória futura, voltei a descer e a subir as encostas num ritmo apressado. Prosseguimos então até Caín, onde almoçámos, e refizemos o percurso. Já na vinda, pouco depois de passarmos o corte para aceder ao prado, encontrámos alguns habitantes locais empoleirados nas vertigens da rocha. Foi então que surgiu esta fotografia.
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