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Mochila de escalada
13 August 2017 Written by  joom

Mochila de escalada

Há algumas caches, perfeitamente identificadas pelas cinco estrelas de terreno afixadas nas suas descrições, que requerem algum material específico. Há quem use o poder imaginativo desenvolvido pela observação de muita televisão ou até use a simples presença a olhar para quem vai à cache num grupo numeroso, onde a maior parte não contribui para nada, para afirmar que encontraram a cache. Efectivamente isso não aconteceu pois a cache, no local onde foi escondida e cujo dono quer proporcionar um desafio a quem lá vai, não foi realmente encontrada. Foi uma aventura observada e não vivida. É como aplaudir uma maratona, a ver os corredores a passar e efectivamente percorrer os pouco mais de 42 km. Há uma ligeira diferença tanto no objectivo alcançado como na experiência vivida.

Assim, o material que vai na mochila não são binóculos nem espírito de observador, mas sim aquilo que permite chegar, em segurança, ao esconderijo da cache e que possibilita, a quem lá vai, dizer: encontrei a cache, também tenho mais um sorriso amarelo no mapa e, mais importante, consegui superar o desafio proposto e provavelmente elevei-me a um patamar de superação pessoal que nem tinha a certeza de conseguir alcançar.

Como a grande percentagem de caches no território luso que necessitam de material deste tipo não são de escalada pura, com recurso a material ainda mais característico, a minha mochila das cordas usualmente só tem aparelhos tanto para subir como para descer com recurso a cordas e demais acessórios.

Ao longo dos anos já usei várias soluções, de várias marcas e em várias situações. Com o tempo fui fazendo as minhas escolhas consoante as minhas preferências e gostos e perfeitamente adaptadas ao que faço, e que têm resultado sem nenhum problema. Há quem use outros aparelhos, outras técnicas e até não se sinta à vontade com o meu material eleito. Para mim é uma escolha pessoal, funcional e, com os mesmos cuidados de segurança, servem para alcançar os objectivos pretendidos. Requerem técnica, adaptação e conhecimento do material a uso. Mas isso é necessário em todo o equipamento a usar: saber como se usa e qual o seu modo de funcionamento de segurança.

Para transportar este equipamento uso essencialmente duas coisas, uma mochila de 25 litros e os sacos azuis da loja sueca. Estes duram bastante, servem até de tapete e ninguém se interessa por eles. Por vezes quando vamos para o ponto zero da cache parece que estamos ali um pouco deslocados mas tudo tem um propósito: facilitar o carregamento. Se o acesso à cache for mais complicado e incluir uma caminhada maior, o material é transportado todo às costas, em mochilas, e divididos por quem faz parte desse grupo.

Carrego habitualmente duas cordas semi-estáticas: uma de 9,5 mm com 70 metros e outra de 10 mm e de 13 metros. Em muitas das ocasiões só uso a corda mais pequena. É menor a tralha a arrumar e é menos dispendiosa a sua substituição. Para amarrações, árvores, pontes de rocha ou semelhantes, uso várias cintas e bocados de corda com vários tamanhos, e, para todos esses pontos de fixação, mosquetões de segurança. Não se abrem sem querer e não há necessidade de estar sempre a olhar para as amarrações. Em alguns casos, principalmente no alto, coloco um protector de corda para que esta não se estrague nas arestas.

Para material de progressão vertical cingi a minha escolha ao “gri-gri” (a primeira versão), ao punho (por opção só tenho o modelo para a mão esquerda) com pedal acoplado e à minha medida. Servem para se chegar ao objectivo e têm uma vantagem acrescida, nunca há necessidade de se retirar o ascensor/descensor da corda. Para descer já está tudo pronto limitando ao mínimo o erro do utilizador. Para conforto, principalmente no uso de cordas mais finas, uso umas luvas de cabedal. Para as vias ferratas tenho um dispositivo com dissipador de energia, só assim é garantida a segurança em caso de queda.

Depois há o material necessário para colocar a corda no local. Ou o acesso ao ponto é por cima, sem necessidade de malabarismos, ou o ponto de acesso é por baixo, caso das árvores, onde é imperativo colocar primeiro a corda lá por cima. Tenho um peso usado nestas coisas, um rolo de 50 m de corda de 3 mm e com uma técnica apurada ao longo dos tempos, com pontaria e alguma sorte, temos conseguido o que queremos: colocar a corda de maneira a que se chegue à cache. Quando isto não acontece por vezes há a necessidade de subir por patamares e aí já requer mais tempo e mais manobras de cordas. Estas são obviamente situações a evitar pois aumentam significativamente o tempo a chegar ao alto e felizmente não acontecem tantas vezes quanto isso.

Para complementar levo um capacete, mais uns mosquetões, alguns com segurança e um descensor (o vulgar oito) a usar com segurança (ou um simples prusik, que é uma corda mais fina e com um nó que trava, ou alguém a ajudar em baixo).

Para as caches de sobe e desce, este conjunto de material tem-me servido adequadamente, sem problemas, sem sustos e com bons resultados.

1 - Sacos azuis loja sueca

2 - Mochila

3 - Corda 70 m

4 - Corda 13 m

5 - Capacete e luvas

6 - Protector de corda

7 - Arnês

8 - Pedaços de corda e fitas

9 - Peso e corda para atirar

10 - 8, gri-gri, mosquetões e roldanas

11 - Longe via ferrata

12 - Punhos com pedal acoplado

13 - Mais fitas

Artigo publicado na GeoMagazine #26.

 



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