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22 September 2018 Written by  Paulo Melo

+1 OPC

De um dia para o outro surgiu uma vaga na semana que me permitiria dedicar quase todo o dia à procura de caches. A minha dúvida estava apenas em escolher o destino e o tipo de jornada. Um “assalto” urbano… não me apetece. Hoje estou mais virado para uma bela caminhada solitária. Ainda ponderei visitar umas caches a Sul de Montemor-o-Velho, mas depois de várias rondas dedicadas à Figueira da Foz e arredores será melhor mudar de ares. Decididamente um PT/PR é o que me está mais a apetecer e a escolha recaiu sobre o mais recente PR de Oliveira de Frades – PR4 Rota dos Caminhos com Alma.

No final da noite há que preparar o plano para o dia seguinte e centrado no PR “desenhei” um ambicioso plano de caches. O plano é sempre ambicioso e só muito raramente cumprido na íntegra que não gosto muito de correrias. Mas há que ir mais do que preparado. GPX enviado para GPSr, mochila pronta, mapa de caches pronto… tudo pronto.

Já a manhã vai quase a meio quando finalmente me faço ao caminho. Uma hora de viagem até ao destino que… já mudou. Decidi passar primeiro pela cache Torre de Alcofra antes de seguir para o PR. Não que soubesse o que ia visitar, nem o nome da cache. A única listing que vi foi a da primeira cache do PR para perceber a distância e o perfil do mesmo. Decidi ir ali primeiro porque ficava perto do PR e seria um pequeno desvio. Acabou por ser uma boa surpresa. A descoberta de um monumento medieval que aproveitei para visitar. A torre estava aberta, mas infelizmente não há, lá dentro, nada para “descobrir”. Três pisos vazios. Cá fora há um pequeno museu que se encontrava fechado e deveria abrir às 11h. Como estava quase na hora decidi esperar pela abertura, mas depois de passados 15 minutos para lá das 11h acabei por desistir e seguir o meu caminho até Covelo de Arca.

A caminho do início do PR lembrei-me que me não coloquei o track do mesmo no GPSr. Esquecimento que poderia ser grave não fosse este PR ser recente o que me fez pensar que, certamente, estaria bem marcado como viria a confirmar mais tarde. Quase a chegar, passando por Arca percebi que daqui a pouco estaria a voltar a cruzar aquela estrada, mas a pé. Corte para Covelo e é sempre a descer até ao fundo do vale. Vou ter que subir isto tudo a pé, pensava.

Carro estacionado mesmo junto à cache #1 e está na hora de seguir a pé. Segue-se então para o centro da aldeia. Um misto de antigo e “menos antigo” que vamos cruzando a caminho da próxima cache. Mesmo a sair o casario encontro o Ar Puro. Um restaurante e bar que facilmente se destaca das demais casas e cuja esplanada junto aos campos de milho nos chama para uns belos momentos de descanso… no final vou regressar aqui! Está decidido!!

Deixando o Ar Puro para trás o caminho continua por estrada entre os campos de milho. Uma pequena deslocação até à próxima paragem junto da Capela de S. Mamede. A partir daqui o PR deixa a estrada e continua pela antiga calçada que no passado ligava Covelo a Arca. Ainda há pouco tinha entrado no trilho e dou de caras com um cão que começa a ladrar incessantemente ao ver-me por ali. Ora eu, digamos, não “aprecio” o encontro com cães no meio do nada! O cão guardava um rebanho de cabras que estava dentro de uma cerca; o caminho segue paralelo pela cerca e o cão, que não para de ladrar e me acompanhar, cria algum “desconforto” que se torna ainda mais desconfortável quando no final a cerca se encontrar aberta!!!! Bem… lá ficou para trás depois de uns metros em passo mais ligeiro! Felizmente!! Entretanto a paisagem vai mudando gradualmente. Os campos agrícolas rapidamente ficam para trás e depois de uma zona de pinhal o caminho junta-se a um ribeiro.

É uma das parte mais agradáveis do PR. A calçada, bastante danificada, torna-se mais evidente; os carvalhos abundam e os antigos muros cobertos de musgo tornam o fundo do vale numa bela paisagem. Os raios de Sol quase não conseguem penetrar. O céu aqui é verde. O trilho mantém-se assim, subindo calmamente, até atingirmos a pedra poisadora. A partir daqui o declive aumenta, afasto-me do ribeiro e do fundo do vale e a chegada a Arca está para breve.

Mais um “excelente” momento com 4 cães soltos que não concordam com a minha presença e, tão rapidamente quanto possível, chego ao principal monumento do percurso – o dólmen megalítico de Arca. O dólmen é obviamente um monumento muito interessante, mas estar ali sem qualquer informação que o contextualize acaba por saber a pouco e assim a visita é mais curta, apenas o tempo necessário para uma fotografia.

Continuo agora por estrada. O próximo destino é o Carvalhedo da Gândara onde o trilho nos leva por entre os grandes carvalhos que por ali abundam. Um pequeno, mas muito agradável troço neste percurso. Os velhos carvalhos são um regalo para a vista. Árvores com, diria, alguma personalidade, alguns a fazerem lembrar-me os ents da Terra-média.

O Carvalhedo marcou o ponto de viragem no PR. Voltei a Arca percorrendo o labirinto de caminhos por entre a aldeia “velha” subindo até ao miradouro da capela passando por alguns pontos de interesse; marcas de outras tempos e que hoje já não têm o uso ou utilidade de antigamente. Gostei do ziguezague de caminhos. Uma boa forma de realmente conhecer a aldeia.

Depois de uma pausa no miradouro pensei que a partir de agora, seria sempre a descer até ao ponto de partida, mas afinal… não. Primeiro, mais uma curta volta pela aldeia passando pela Igreja e a partir daí seria quase azimute até ao Povoado das Mamoas já em plena floresta.

O caminho continua a descer encoberto pelas grandes árvores que nos mantêm sempre na sombra… ainda bem!!! A passagem pelo sobreiral cheio de árvores antigas e retorcidas pela cortiça que se vai acumulando anos após ano remete-me novamente para o imaginário dos ents. A partir daqui volta-se a subir (subir?!?!?!... outra vez a subir?!?!?!) para ir de encontro até à antiga casa do guarda florestal.

Agora sim, é sempre a descer até ao final. Primeiro o PR desvia do trilho principal abrindo caminho por um single track que vai reclamando a passagem por caminhos antigos tomados pela vegetação. É possível observar os muros dos socalcos que outrora foram certamente campos agrícolas, mas que hoje estão completam tomados pelo mato e escondidos da vista. O single track termina no acesso a um estradão poeirento que não deixa grandes recordações, mas que, em curva e contracurva, nos vai aproximando do ponto de partida e, já perto do fim, desvio definitivamente por mais uma antiga calçada que acompanha uma estreia levada que guia a água até à aldeia, até ao início do PR. O final tal como decidido quase no arranque foi no Ar Puro para uns bons momentos de reidratação e descanso.

 



2 comments

  • Comment Link Joaquim Safara 22 September 2018 jasafara

    Bela discrição de uma bela caminhada!

  • Comment Link José
Sampaio 22 September 2018 ZéSampa

    Obrigado pela partilha Paulo! Agora fiquei ainda com mais vontade de fazer o PR. :)

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