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13 April 2011 Written by  Lupinlongo - Geogang Team

Geotalk - "Necas & Familly"

Owner da cache nomeada para os prémios GPS O Abrigo dos Vampiros

Esta cache foi uma das maiores aventuras que o Geogang viveu… nem o alerta alaranjado nos parou…

Eu já sei… mas queres contar aos restantes Geocachers como aconteceu a descoberta do abrigo dos vampiros? Não tiveste medo de entrar no abrigo sozinho?

Quando vim trabalhar para a Praia de Quiaios, e já conhecendo o geocaching, comecei a pesquisar sobre a bela Serra da Boa Viagem, que todos os dias tinha o prazer admirar. Constatei que, a sua geologia (constituída essencialmente por calcários jurássicos) era propícia à formação grutas, pelo menos assim diziam os entendidos. Ora, se havia alguma gruta, não descansaria enquanto não a descobrisse.

Como pratico BTT, sempre que ia dar uma voltinha pelos trilhos da serra, tomava especial atenção nas zonas mais rochosas, na expectativa de avistar uma cavidade. Encontrei algumas, mas nada que permitisse a entrada de pessoas. Até que um dia, em conversa com um colega de trabalho, ele me disse que existia um grande buraco na serra, onde ele já teria ido com uns colegas na infância. Fiquei tão entusiasmado que, no próprio dia, após sairmos de serviço, ele teve que me levar lá. Quando chegámos ao local, entrei e desci uns metros, queria ir até ao fim mas ele disse-me que eu era maluco, pois ele e os amigos já tinham tentado, e tal, e que aquilo era tão fundo que à medida que avançavam ficavam sem ar.

Apesar do alerta, no dia seguinte resolvi lá voltar, sozinho. Entrei e desci até à curva. Foi aí que me arrependi de não ter levado corda, pois aquele “túnel sem fundo” metia respeito e desconhecia a sua extensão. À medida que ía avançando, o ritmo cardíaco ía aumentando. Foi uma sensação aterradora e espectacular ao mesmo tempo, proporcionada pela adrenalina do perigo e do desconhecido. A cada passo que dava não fazia a mínima ideia do que iria encontrar. Quando finalmente assentei os pés na sala onde está a caixa, foi uma sensação de alívio com um misto de desilusão, pois no fundo desejava que a gruta fosse maior. Foi aí que percebi que o meu colega era um grande mentiroso e nunca tinha descido aquilo.

Nas tuas caches, procuras sempre ser original, criar algo diferente e com um bom desafio à mistura. Nesta cache apenas colocas-te um simples, mas grande, Tuppeware, porque?

De facto pensei nisso, mas não havia assim tanta alternativa para esconder a caixa. Além do mais o sitio é bastante húmido e queria algo que fosse suficientemente estanque para evitar muita manutenção, pois não è das caches mais acessíveis que tenho. E os “Lock & Lock” cumprem essa função como poucos. Até hoje zero de manutenção. Talvez quando tiver que substituir o logbook, que também ainda deve de durar uns anitos, substitua aquele por um contentor mais elaborado e a condizer com o meio.

Existem excelentes caches que dependem do seu engenho ou da criatividade do seu contentor para manter esse estatuto. Existem outras que, pela excelência do local, o contentor se transforma, apenas, numa formalidade.

Quando sais para cachar que características a cache perfeita deve possuir?

O Geocaching, para mim, é um pouco como a música. Consumo de tudo. Tem dias que simplesmente me apetece fazer umas “drive-in”. Às vezes apetece-me uns bons quebra-cabeças. Mas as minhas preferidas são as que envolvem uma bela caminhada pela natureza e que terminam com um belo spot. O Gerês nesse aspecto é fabuloso. No nosso distrito, temos a serra da Lousã que, na minha opinião, ainda tem muito por explorar.

A tua cache é uma de entre várias nomeadas que envolvem um pouco de espeleologia. O que achas que há em cachar dentro de grutas que fascina tanto os geocachers?

Dizem que desde sempre o Homem se sentiu atraído pelas grutas. Talvez por ser arquétipo do útero materno. Como está provado, estas foram a origem de muitos povos, que as usavam como abrigos. Penso que isso, aliado à beleza e ao desafio que as mesmas proporcionam  as transformaram em locais muito atractivos.

Esta cache está localizada numa serra com imensas caches; algumas delas tuas. Podias destacar o que te atrai na serra da Boa Viagem?

Esta serra situa-se junto do mar, estendendo-se até ao Cabo Mondego. Acho que é um casamento perfeito. As falésia do cabo proporcionam à serra uma beleza singular. Tudo isto, aliado aos fantásticos trilhos que me proporcionam belos passeios de BTT, fazem que seja um dos meus destinos de eleição para passar algum do tempo livre.

Preocupa-te que a afluência de geocachers perturbe os “vampiros” residentes?

Penso que qualquer cache corre o risco de provocar dissabores ao owner. Seja pelo risco que algumas sujeitam os geocachers, seja pelo facto de poder prejudicar a fauna e a flora envolvente. Esta poderá proporcionar ambas as coisas. Mas nunca será esse o objectivo de uma cache.

Os owners devem ser responsáveis por alertar a comunidade dos perigos que poderão surgir e dos cuidados que devem adoptar nas deslocações às suas caches. A partir daí cada um será responsável pelos seus actos, quer pelos perigos a que se possam sujeitar, quer pelos danos que possam causar.

Nesta cache, em concreto, acho que sublinho bem a importância da segurança (alguns até já me disseram que os avisos são exagerados, mas antes assim) e insisto na importância de não acordarem os morcegos, no seu estado de hibernação. Claro que se algum dia recebesse uma noticia de que um geocacher se teria magoado e ou estavam a aparecer morcegos mortos na gruta me iria sentir pessimamente.

Já fizeste mais alguma cache dentro de grutas? Qual a melhor do género, na tua opinião?

Não. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de fazer outras, que tanto já ouvi falar, mas aguardo com expectativa esse momento.

Como achas que seria praticar Geocaching em 2002? Como achas que vai ser quando o teu filho se iniciar no Geocaching?

Ora, eu ainda me considero um maçarico. Comecei em 2009, mas já acompanhei alguma evolução desde então. Acredito que o geocaching em 2002 pudesse ser mais aborrecido e dispendioso. Aborrecido porque a comunidade era mais pequena, os encontros entre caches mais raras, os poucos eventos não proporcionavam o convivo dos dias de hoje. Mais dispendioso pois eram mais os quilómetros a percorrer para chegar a uma cache. Acredito que alguns veteranos tenham feito centenas de kms para fazer apenas uma ou duas. Não havia tanta oferta de equipamento (GPSr), e os que havia deveriam ser caros a não estar acessíveis a qualquer um. Hoje em dia qualquer pessoa com um telemóvel com gps e o software adequado, pode encontrar umas caixas.

No entanto acredito que fosse mais genuíno. Gostaria ter descoberto a actividade nessa altura. Receio um pouco a vulgarização da actividade e as consequências negativas que isso possa trazer. Quando comecei e às vezes dizia a alguém que ía fazer geocaching, todos me perguntavam; "geoquê??? O que é isso”. Hoje em dia dizem: “Já ouvia falar disso. Tenho que experimentar.” Claro que não traz apenas aspectos negativos. Há malta nova a entrar, com grandes mentes, que tem criado grandes caches. A proporcionalidade, em relação aos outros, é que não tem sido a desejada.

O Gustavo já fez algumas caches com o Pai. Espero que este verão, agora que está a completar um ano de idade e prestes a dar os primeiros passos, muitas mais possa fazer. A partir de uma certa idade, a maior parte miúdos querem liberdade, preferem estar com os amigos nos tempos livres que com os pais. Mas se o “bicho das caixinhas” lhe morder, quando tiver idade para isso, se preferir acompanhar o pai numas cachadas que ir jogar à bola com os amigos, então serei um geocacher babado. Não lhe tentarei impingir o gosto pela actividade. Um dia, se o entender, será ele a registar-se com o seu próprio nick. E quando isso acontecer, espero que lhe aconteça como aconteceu a mim no inicio. Quando os amigos o convidarem para ir jogar à bola e ele disser que não pode por que vai fazer geocaching com o pai lhe perguntem: “GEOQUÊ???”

Para os prémios GPS encontram-se 15 caches do distrito de Coimbra. Destas, qual a que mais te marcou?

Ainda não as fiz todas. Mas espero fazê-las antes de terminar a votação. Das que fiz, houve três que me marcaram. PENEDOS DE GÓIS, pela aventura que foi. Não escolhemos o melhor acesso, e repentinamente estávamos rodeados de um nevoeiro cerrado e com imensa vegetação, sem trilhos por onde nos guiar e o GPS era praticamente inútil. Demorámos mais de duas horas para conseguir atingir a cache, após uns valentes arranhões. Mas fomos compensados com um dos melhores até hoje. LINHA ESTREITA-NARROW LINE, adorei o percurso do inicio ao fim e era capaz de passar horas no Spot final. E o MISTÉRIO DO VOO 666, pela aventura que é percorrer aquele túnel, brilhantemente bem aproveitado pela mente do Geogang, que o transformou numa aventura impar.

Obrigado pela disponibilidade,
Abraço Gangster
Continuação de boas cachadas



3 comments

  • Comment Link Daniel Gomes 13 April 2011 Necas

    Obrigado pelos simpáticos comentários :oops:
    Assim é fácil arranjar força e vontade para continuar a "plantar" nelas.

  • Comment Link FloraCardoso 13 April 2011 Lusitana Paixão

    Super simpática entrevista de um super simpático Owner!
    Uma oportunidade para agradecer ao Necaxing grandes momentos de Geocaching, a inesquecível aventura do 'Abrigo dos Vampiros' mas também outras caches que adorei, em particular a ternurenta 'Bicharada do Choupal', o 'Palheiro do Zorro' e 'Pelo Mondego Dentro'.
    Tudo 5 estrelas! ;-)

  • Comment Link prodrive
13 April 2011 prodrive

    Parabéns pela entrevista! Foi das que me deu mais gosto ler. Gosto da perspectiva como encara a actividade. Revejo-me em muitos aspectos.

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