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Compensação de Exposição
25 October 2012 Written by  António Almeida

Compensação de Exposição

No último artigo sobre o histograma ficaste a saber a enorme utilidade desta ferramenta da fotografia digital e o que ele representa. Assim a grosso modo, o histograma duma paisagem regularmente iluminada sem variações bruscas de luz apresenta uma curva com os maiores valores no meio, os meios-tons, caindo para as sombras e altas luzes.
Por esta razão é aceite na fotografia que a maior parte dos assuntos reflete 18% da luz que os ilumina, afinal quando fotógrafas é exatamente isso que estás a fazer, a capturar a luz que é refletida pelos diferentes assuntos. Partindo deste pressuposto os fabricantes de equipamentos digitais desenvolveram os fotómetros (dispositivo existente nos equipamentos fotográficos que medem a luz incidente) para considerarem que a composição ideal será sempre aquela que melhor se aproxima do meio-tom do cinza 18%.

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Infelizmente para ti uma boa parte das composições não pode ser exposta como o meio-tom maravilha do cinza 18% e como resultado final irás conseguir composições mortiças desfasadas das cores reais ou baças sem contraste e com perca de detalhes a não ser que comeces a dar uso ao botanito [+/-] que está por ali perdido no teu equipamento e que serve para isso mesmo, fazer a Compensação da Exposição.

Branco mais Branco não há

Deves estar confuso com o que disse, mas já vais perceber.
Imagina que sais para o Alentejo, terra de muito sol, colinas desnudadas de arvoredo, Geocachers bonitos e casario caiado de branco puro, aquele branco que branco mais branco não há. Estás ali para os lados de Serpa, uma simpática localidade perto do melhor Safari que se pode fazer no país e arredores, e queres fotografar a Ermida da Senhora de Guadalupe. Tomas posição, apontas a lente à capelita, atribuís uma abertura intermédia para não teres de utilizar um tripé, algo como f/10. Ao olhar pela ocular, verificas que o fotómetro já mediu a luz refletida pela ermida e de acordo com a sensibilidade utilizada, ISO 200, e a abertura indicada anteriormente vai-te dando indicação se a fotografia estará subexposta ou sobre-exposta para que faças os devidos ajustes de tempo de exposição. Aí por volta dos 1/250, o fotómetro dá a indicação que a exposição é a ideal e que deves carregar no obturador. Satisfeito, carregas a fundo e quando chegas a casa observas que a tua branca ermida ficou pintada de cinzento porque a máquina, que é estúpida como a sola, teimou em considerar como ótima exposição se for aproximada do maldito cinza 18%.
Asneira! Primeiro deverias ter consultado o histograma e verificar que perante um assunto tão branco como a ermida, este nunca poderia andar pelos meios-tons, teria obrigatoriamente de apresentar muita informação nas altas luzes. Perante isto, se aumentasses o tempo de exposição, irias verificar que o céu iria ficar sobre-exposto perdendo detalhes e não tarda estarias perante aquilo que se chama de pescadinha de rabo na boca: aumentas o tempo de exposição perdes detalhes do céu que fica sobre-exposto, diminuís o tempo de exposição ganhas um céu corretamente exposto com detalhes mas, como bónus promocional, uma ermida pintada de cinzento – tudo gratuitamente.

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Agora imagina outro cenário que também pode ser no bonito Alentejo - prometo que no próximo artigo exemplifico com outros locais além do Alentejo, fica prometido Brinches. Estás perto de S. Bartolomeu do Outeiro a explorar um lindíssimo montado de sobro e azinho que esconde as ruínas duma instância termal outrora muito procurada pelos mais abastados para tratamentos de pele antes de ser condenada ao abandono com a sintetização da cortisona. No interior dos balneários encontras uma paleta de cores refletidas pelas águas ferrosas depositadas no chão em oposição aos raios de luz projetados para o interior pela abobada entretanto em parte derrocada. Queres capturar todo este dramatismo e apontas criteriosamente a lente para o corredor. O fotómetro lê um cena insuficientemente iluminada para se aproximar da milagrosa cinza 18% e sugere maior exposição resultando uma imagem parca de contrastes e deslavada sem qualquer misticismo.
Bom aluno como és, desta vez consultas o histograma que esperas que esteja mais concentrado nas sombras mas a máquina fintou-te e colocou-o bem no meio com partes das altas luzes relativas à porta do fundo do corredor completamente rebentada (dizemos que está rebentada quando o gráfico do histograma parece querer sair fora das altas luzes e que se traduz no branco puro sem qualquer informação). Se aumentares a exposição as zonas bem iluminadas rebentam, se baixares a exposição as áreas mal iluminadas e que queres a qualquer custo tal como os teus olhos a vêm, vão-se para a apanha da azeitona. O melhor, pensas tu, é deixar isto e dedicar-me à fotografia de modelos femininos em estúdio.

É apenas uma máquina e ainda por cima estúpida.

No primeiro cenário da ermida a máquina não sabe se estás a apontar para uma capela caiada, uma flor branca, ou outra coisa qualquer que reflete muita luz, o fotómetro irá interpretar este “excesso de luz” como um assunto absolutamente neutro iluminado por luz intensa pelo que irá recomendar uma exposição que aproxime esta interpretada sobre-exposição do tal cinza 18%.
No segundo cenário das ruínas a máquina lê um assunto neutro que reflete muito pouca luz pelo que sugere que aumentes a exposição para aproximar novamente ao malfadado cinza 18%.

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Nem mais nem menos, apenas o suficiente

É aqui que entra a intervenção humana nesta tecnologia de ponta. Para o cenário da ermida, tudo quanto necessitas fazer é medir a exposição para que o céu se apresente com detalhes e para compensar a insuficiente exposição da ermida que resulta em paredes cinzas utilizas o botão de Compensação de Exposição [+/-] e aumentas a compensação em mais 1 EV. Verificas o resultado e consultas o histograma. Está como desejas? Ótimo segue em frente. Não, simples aumenta mais um pouco a Compensação de Exposição até o conseguires. Rapidamente irás adaptar-te.
De modo semelhante, para o cenário das ruínas da instância termal, medes a luz para conseguires a exposição ideal. Como desejas uma composição não muito iluminada mas plena de detalhes, fazes uma Compensação de exposição negativa, por exemplo -1 EV. Novamente consultas o resultado. Serve o que desejas? Ótimo, segue em frente caso contrário diminui mais um pouco a Compensação de Exposição negativa até encontrares Aquela Fotografia.

Notas finais

Notas

Procura no manual do teu equipamento acerca da localização do botão ou eventual opção de menu onde possas utilizar a Compensação de Exposição.
Ainda tens dúvidas sobre  a Compensação de Exposição? Consulta este tópico dedicado ao assunto e vamos discuti-las.



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